Se fosse um país, a BRF seria o sexto maior produtor mundial de aves. Por que a gigante quer parceria com startups para inovar?
Os números são hiperbólicos. Tão grandes que até perdemos a dimensão. São 4,5 milhões de toneladas de alimentos produzidos por ano – peso que equivale ao de 450 torres Eiffel juntas (e olha que a torre é pura estrutura de ferro). Seus produtos podem ser encontrados em nove de cada dez casas brasileiras, além de serem consumidos em 156 países do mundo, a vasta maioria dos que compõem a Organização das Nações Unidas (ao todo, a ONU reúne 193).
A BRF é uma gigante com DNA 100% nacional que consome 11% de todo o milho produzido no país para alimentar suas aves.
No Brasil, conta com 34 plantas, 21 centros de distribuição e quase 90 mil colaboradores – no mundo, são mais cinco plantas e 24 CDs. Além disso, a empresa tem parceria com 9,5 mil produtores agropecuários integrados e mais de 30 mil fornecedores globais.
Olhando para essa infinidade de números, uma startup pode pensar que é impossível ter, lá dentro, espaço para ela. E é aí que ela se engana.
“A inovação, com o leque amplo que o termo abrange, é essencial para todo nosso negócio”, afirma Claudio Nessralla, diretor de Arquitetura & Integração Sistêmica da BRF.
“Ela é necessária para lançarmos novos produtos e adotarmos novos processos e novas formas de pensar, além, claro, do emprego de novas tecnologias.”
Para o executivo, caso a empresa não esteja atenta, seu tamanho pode acarretar a perda de oportunidades para inovar – afinal, os esforços têm de estar voltados para o core business. “Podemos ser um grande ‘moedor de carne’, que acaba vitimando ideias inovadoras”, diz Nessralla. Inovar, segundo ele, requer ainda técnicas e procedimentos. E, muitas vezes, as empresas grandes não têm a agilidade necessária para que isso aconteça.
Aí que entram as startups, scale-ups e pesquisadores acadêmicos. Sem a obrigação de ter que trabalhar com números enormes, tendo tolerância a risco e usando processos e metodologias ágeis, além de tecnologias disruptivas, esses empreendimentos atuam como parceiros das gigantes para resolver desafios e demandas delas.
“Uma das coisas que as startups fazem muito bem é aplicar o mecanismo de test and learn com bastante velocidade e, muitas vezes, com pouco recurso”, diz Natalia Estrela, gerente de inovação da BRF, que trabalha com a equipe de Nessralla.
“Movimentar um gigante não é tão simples, e startups e institutos de pesquisa abrem possibilidade de evoluirmos como negócio de forma mais rápida e com menos investimento. Isso nos traz eficiência adicional.”
Do lado de lá, para uma startup ou uma instituição, a BRF, além de um parceiro de negócios promissor, é um grande campo de teste de sua solução de forma escalável. “Se o nível de maturidade dela já é maior, ela olha para a companhia como uma possibilidade de ter um laboratório em escala”, conta a gerente.
“Pense numa startup da área de logística, por exemplo. Mesmo que ela já trabalhe com varejo médio, teria que estar em 10, 15 empresas para conseguir testar sua solução no volume que a BRF proporciona.”
Para startups e universidades, a principal porta de entrada para a BRF é o BrfHub. O Hub, braço de inovação aberta da companhia, é quem faz a conexão entre startups, scale-ups e pesquisadores científicos com toda a cadeia da empresa. “Através da inovação aberta, o Hub promove a conexão entre a empresa e o ecossistema de inovação. Lançamos anualmente um programa de desafios para conectar a BRF com soluções inovadoras” diz Stephanie Blum, gerente de inovação.
No infográfico abaixo, traduzimos em números um pouco da empresa brasileira.
“Esses números reforçam que nosso programa de desafios abre as portas da BRF para parceiros que terão a oportunidade de fazer um piloto com uma empresa desta dimensão”, afirma Stephanie.